terça-feira, 30 de dezembro de 2008

SIMEPAR participa de rede mundial de detecção de descargas atmosféricas


fonte: www.simepar.br
O SIMEPAR está participando de um esforço internacional para instalar e operar uma rede de detecção de descargas atmosféricas de muito longa distância com outras instituições brasileiras e internacionais.
Neste ano, com um investimento de aproximadamente US$ 30.000,00, foi adquirido um sensor de descargas atmosféricas para fazer parte desta rede mundial. A instalação deste sensor foi realizada em Curitiba no último dia 16 no Centro Politécnico da UFPR, com a participação de técnicos e bolsistas do SIMEPAR e do Dr. Carlos Augusto Morales Rodrigues do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciência Atmosféricas da Universidade de São Paulo, que também é o coordenador deste projeto do Brasil.

Atualmente a rede STARNET (Sferics Timing and Ranging Network) conta com 8 sensores instalados. Na África, os sensores estão instalados nas seguintes localidades: Addis Ababa (Etiópia), Dar es Salaam (Tanzânia), Bethlehem (África do Sul), enquanto que nas Américas eles estão localizados em Guadeloupe (Caribe) e no Brasil em Fortaleza (Ceará), Cachoeira Paulista (São Paulo), Campo Grande (Mato Grosso do Sul) e São Martinho da Serra (Rio Grande do Sul). Este sistema foi desenvolvido pela Resolution Display Inc através do projeto SBIR da NASA (contrato No:NAS5-32825). Com o sensor instalado em Curitiba, a STARNET passa a contar com nove sensores, sendo ainda prevista a instalação de mais um sensor no norte do Brasil nos próximos meses.

A atual cobertura de informações geradas pela STARNET contempla grande parte das Américas do Sul e Central, grande parte do continente africano assim como grandes extensões marítimas dos Oceanos Atlântico e Pacífico. Esse sensores detectam as perturbações eletromagnética causadas pelas descargas atmosféricas na freqüência do VLF (Very Low Frequency, entre 7 e 15 kHz) que são conhecidas como sferic. Nessa banda, as perturbações viajam a distâncias muito grandes na atmosfera (milhares de quilômetros). Com a STARNET, a atividade de descargas atmosféricas que ocorre sobre essas partes do globo tem sido monitoradas continuamente em diferentes resoluções espaciais (ex: 5-20 km dentro da área de cobertura e > 50 km fora da área de cobertura dos sensores) e com um alta resolução temporal (1 mili-segundo).

Esta rede proporcionará o levantamento de uma base de dados de grande importância no estudo da convecção e apresentará uma oportunidade original de avançar a pesquisa do ciclo da hidrológico nas regiões mais ativas da terra (África, Amazônia e na área da Zona de Convergência Intertropical - ZCIT). Outro ponto forte da STARNET é a possibilidade de monitoramento contínuo da atividade elétrica em áreas muito extensas, com possíveis aplicações em diversas áreas como recursos hídricos, meteorologia e outras.

Esse novo esforço será integrado às atuais atividades já realizadas pelo SIMEPAR na área de descargas atmosféricas (monitoramento de raios no estado do Paraná e participação na BrasilDAT, o monitoramento do campo elétrico atmosférico na área da Região Metropolitana de Curitiba com uma rede de field-mills ? REMCEA), assim como o desenvolvimento de estudos e pesquisas integrando essas diversas informações com informações meteorológicas e ambientais.

Maiores detalhes sobre a STARNET, seu funcionamento e informações em tempo-real podem ser encontrados no endereço www.zeus.iag.usp.br

terça-feira, 3 de junho de 2008

Atividade de descargas atmosférica associada ao ramo frio do ciclone extratropical em formação no Sul do Brasil


A figura ao lado mostra a quantidade de descargas atmosféricas detectadas pelos sensores da RINDAT (http://www.rindat.com.br), SIDDEM (http://www.siddem.org.br)e SIPAM (http://www.sipam.gov.br) integrados na Região Sul nas últimas 24 horas. Podemos observar que a ciclogênese (formação e intensificação de um ciclone extratropical) sobre o Sul do país está acompanhada de formação de nuvens eletricamente carregadas e que estão causando significativa incidência de descargas atmosféricas do tipo nuvem-solo sobre aquelas áreas. Nas últimas 24 horas foram detectadas aproximadamente 42 mil descargas atmosféricas, praticamente todas elas na região do ramo frio do ciclone em desenvolvimento. Vamos acompanhar o desenvolvimento deste fenômeno nos próximos dias.

Primeira atividade de tempestades observada pelo Field Mill em Curitiba-PR


Alguns dias após a instalação e o início da operação com o sensor de campo elétrico atmosférico (field mill) conseguimos o registro das primeiras tempestades elétricas com esse equipamento. Foi na madrugada do dia 29 de maio passado, registrando a atividade do campo elétrico das nuvens que foram formadas nas proximidades de Curitiba por uma frente fria que se deslocou pelo Paraná naquele dia. Podemos observar algumas características peculiares: a) como o aumento de várias vezes da intensidade do campo elétrico em relação ao valor com ausência de nuvens (campo elétrico de tempo bom), b) as inversões abruptas no valor do campo elétrico (geralmente associadas à incidência de descargas atmosféricas nas proximidades do sensor).
Comparando essas informações com as do radar meteorológico do SIMEPAR (que mostra as áreas onde a chuva está ocorrendo) pudemos observar uma ótima concordância entre a presença das nuvens mais carregadas e as variações do campo elétrico detectados pelo field mill.
Esses dados ainda são preliminares, porém começam a mostrar as vantagens no monitoramento do campo elétrico como dado suplementar para o entendimento das tempestades elétricas.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Início das medidas do campo elétrico atmosférico em Curitiba/PR


Pois é... faz tempo que eu não postava nada mas tinha uma razão de ser...
Desde ontem (20/05), estamos realizando no SIMEPAR medidas initerruptas do campo elétrico atmosférico com um equipamento chamado Field Mill (em outro post eu vou dar umas dicas mais simples desse sensor...).
Mas o importante é que foi iniciada a operação deste equipamento e, na figura ao lado, mostro as primeiras vinte e quatro horas de dados obtidos por este equipamento.
O campo elétrico (unidade V/m, Volts/m) expressa a diferença de potencial entre o topo da atmosfera e a superfície da Terra. Numa situação de tempo bom (ausência total de nuvens nas proximidades e tempo estável) esse campo elétrico é muito baixo, crescendo várias ordens de grandeza na presença de nuvens eletricamente carregadas.
Este Field Mill subsidiará pesquisas com eletricidade atmosférica assim como auxiliará em trabalhos de monitoramento e alerta de tempestades eletricamente carregadas.
Estamos felizes e com muito trabalho pela frente... Até mais...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

RINDAT com nova página na internet


No finalzinho de março passado, a página da RINDAT foi modificada e melhorada. Lá pode ser observada a incidência de descargas atmosféricas ocorrida nos 60 minutos anteriores com o processamento dos dados dos sensores de descargas atmosféricas dos participantes do convênio (CEMIG, SIMEPAR, FURNAS e INPE).
Há também mais informações sobre descargas atmosféricas, sobre o convênio e sobre artigos que os participantes da RINDAT publicaram em diversos encontros científicos nos últimos anos.
Visitem e mandem sugestões e críticas!!!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Mortes por raios

Nessa época do ano (no período entre os meses de novembro até março), onde a incidência de raios é maior em praticamente todas as regiões brasileiras, podemos observar notícias de pessoas que foram vítimas de descargas atmosféricas. Os relatos mostram que os efeitos nas pessoas variam entre ferimentos leves até o caso mais grave que leva a pessoa ao óbito. O ELAT/INPE acompanha através de notícias veiculadas por jornais e outras fontes de notícias o número de óbitos e pessoas que foram feridas em decorrência da atividade das descargas atmosféricas. Mesmo sendo um número muito menor que outras causas de morte (como acidentes de transito, doenças epidêmicas, tabagismo, e outras causas) a morte por incidência de descargas atmosféricas une tanto as características de uma fatalidade (da qual, em tese, pode ocorrer com qualquer pessoa) como também as de negligência e imprudência (onde o risco que as descargas atmosféricas oferecem às pessoas em locais desprotegidos não é levado em conta).
Outro detalhe importante é que o número de pessoas atingidas (causando tanto mortes como ferimentos nas mesmas) pode estar subestimado numa proporção não conhecida, dado que as estatísticas estão usando casos que foram relatados pela imprensa, não levando em consideração casos não relatados.
O que essas notícias de acidentes com descargas atmosféricas nos devem fazer refletir é que esses eventos devem ser encarados como potencialmente perigosos para os seres humamos que estão em locais desprotegidos e que, no caso de situações como essa, medidas de proteção devem ser tomadas de maneira objetiva.

terça-feira, 4 de março de 2008

Vamos iniciar!!!


Olá pessoal!!!
Estou começando este blog com o objetivo de compartilhar informações, experiências e curiosidades sobre descargas atmosféricas. Esse tema é bem amplo e instigante, pois envolve um dos fenômenos da natureza que mais fascinam o homem desde os primórdios de sua existência.
Esse meu envolvimento com o assunto começou em 2003, quando começei a trabalhar no SIMEPAR (Instituto Teconlógico SIMEPAR). Aqui nós temos, entre outros, um sistema de detecção de descargas atmosféricas e que, em conjunto com outras instituições (CEMIG, FURNAS, INPE e SIPAM) formam um convênio que juntam todas redes isoladas num esforço conjunto denominado RINDAT (Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas). Num futuro bem próximo, serão integrados outros sensores de outras redes e a mesma será denominada BrasilDat (Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas).
O uso das informações é bastante amplo e isso será abordado nos próximos textos.
Assim há muito o que escrever e comentar, mas isso virá com o tempo. Espero ter conhecimento suficiente para que possamos conhecer mais deste fenômeno excepcional da atmosfera.
Até o próximo post!!!